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Nadia Klaime
Nadia Klaime
Comentário · há 10 anos
Se a questão fosse tão simples como construir colônias de trabalho para essa galera, seria muito fácil...

Na realidade, o que pode estar por trás dessa inserção da população carcerária no contexto trabalhista é justamente a exploração dessa mão de obra, haja vista a dificuldade da manutenção e defesa dos direitos dessa parcela da sociedade.

Melhor exemplificando, precisamos entender que o preso não merece menos do que eu ou você, na realidade, o preso e o solto nada mais são do que a expressão humana e suas relações sociais imperativas.
Atualmente, se entende que a mínima regalia dada à população encarcerada é o que realmente seja merecido por ela.

O trabalho como forma de dignificação latente, numa visão contextual própria à população carcerária, pode ser o tiro no pé da sociedade, que, certamente, legitimaria a exploração desta força de trabalho por meio de uma ilusória reconstituição de direitos.

Poderíamos até criar políticas de ressocialização por via da adoção de ofícios, mas aí que tá... a coisificação do ser humano no mundo do capital é muito evidente.

A mão de obra dessa parcela da sociedade será muito desvalorizada, será mil vezes pior do que acontece hoje, por exemplo, com os trabalhadores bolivianos que se instalam nas grandes redes de exploração de mão de obra, superaquecendo as fronteiras do norte do país, em busca da reconstituição de sua dignidade por via do trabalho.

Ninguém coaduna com o cenário explorativo a que se obriga os imigrantes, mas em relação à população carcerária, acredito que qualquer forma explorativa seria legitimada e, quando o MPT, MTE ou o DH atuassem para coibir tais práticas milenares de exploração, serão considerados os autores dessa cenário da "impunidade".

Deve ser muito bem fundamentada e regulamentada a adoção do trabalho pela população carcerária, senão seria uma prática puramente exploratória, e ainda digo mais, uma prática de exploração legitimada (a ação de explorar seria aceita porque se trata de uma população amplamente odiada) pela precarização e seletivização dos direitos humanos.

Acredito eu, entre as teorias que fundamentam a esfera trabalhista, que as fontes de prazer e de sofrimento serão muito desproporcionais, esta primeira, quase nem existiria, já a segunda seria valor-fonte imperativo.

O encarcerado seria mais uma peça substituível da cadeia produtiva de um sistema que beneficia amplamente as grandes fortunas, e o pior, seria aceito pela sociedade.

Seria aceito, por exemplo, a diminuição de direitos e garantias do trabalho dessa população, razão pela qual as grandes empresas preferiram a mão de obra desta classe, visto que a sua manutenção é menos onerosa do que ter de garantir todo o direito laboral às outras identidades de trabalhadores.

Ditas essas explanações, concluo no sentido de que, mediante uma política que compactue amplamente com a garantia dos direitos e garantias fundamentais, sejam analisadas propostas de reinserção da população carcerária cumulativamente com a adoção de outras medidas e políticas públicas, tais como a extinção das teorias proibicionistas que criminalizam a culturas milenares de alguns costumes e práticas sociais (legalização do aborto e das drogas, por exemplo).

O trabalho que realmente traz algum benefício à saúde e à mente do ser humano são os que se utilizam da intelectualidade, da criação e da arte. Se colocarem uma parcela da sociedade para trabalhar sem nenhum direito e sem nenhum respeito em setores que se traduzem na fadiga física e psicológica, ainda mais uma parcela que já é amplamente odiada (razão pela qual seria legitimado os atentados aos direitos dessa sociedade), vai ser um tiro pela culatra.
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Nadia Klaime
Nadia Klaime
Comentário · há 10 anos
Querido Rafael.

Não tentei desmerecer a profissionalidade de sua esposa.
É como eu já falei, se a pessoa, no seu processo de tratamento, optar pela cura através da religião, deva ser feito.
Afinal, a religião atinge o consciente, refletindo numa melhora (ou não) do paciente por parte de sua mudança de atitude.
Quanto a ouvir a "boa nova", é um tanto relativo e quase impossível de descrever.
É a mesma coisa que eu dizer pra você que você somente despertará quando não acreditar mais em tudo o que acredita.
É falho argumentar nesse sentido.
Mas, atendendo ao seu pedido, eu sou de uma família cristã, com tradições bem rígidas, meus pais são libaneses, portanto a cultura cristã é muito evidente.
No mais, o meu discurso não é anti-bíblico, é anti toda manifestação imposta de cura por meio da religiosidade (entre outros fatores humanos), seja ela qual for.
E não é, igualmente, equivocada, porque muita gente comunga do meu mesmo pensamento, razão pela qual deva considerar apenas uma opinião divergente da sua.
Eu não estou condenando os cristãos a ficarem longe de mim ou a necessitarem de tratamento em razão de sua religiosidade.
Mas a fé, manifestação pessoal que ela é, não deve ser valor-fonte para padronizar determinadas ações futuras ou atitudes em relação às pessoas.

Eu não imputei aos religiosos qualquer atuação desmedida.
Você que está se equivocando ao tentar compreender a minha mensagem, ou seja, eu não falei que milhões de religiosos estivessem desnorteados, portanto, desconsidere a indagação que me fizeste.

Eu não respondi a sua pergunta porque eu não a vi, me perdoe.
Eu não acho que você admitir a sua religiosidade em seus conselhos seja ato homofóbico, ou seja, eu não acho que se você utilizar da sua fé para as pessoas que querem ouvir, estaria sendo homofóbico.

Eu não defendi que a bíblia não faz bem, eu defendi que o seu uso indiscriminado para pautar relações e atitudes alheias não é conveniente tendo em vista que nem todos comungam da mesma religiosidade.

Razão pela qual eu não defendo que nós elegêssemos o alcorão, as escrituras bíblicas, as práticas hindus ou islâmicas, seja qualquer outra fonte de religiosidade, para pautarmos o que é certo o que é errado, para determinarmos o que é a "Boa Nova", ou o que é o "Evangelho".

Mais uma vez, se eu me utilizasse do seu argumento, eu diria que você só saberia da verdade quando não comungasse de qualquer religiosidade.

É um argumento um tanto complicado, porque nós não teríamos como nos defender de algo que não aconteceu, é um argumento que trata de objeto invisível, razão pela qual se colide com a própria reversão de papeis.

Grande noite.

Abraço!
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Nadia Klaime
Nadia Klaime
Comentário · há 10 anos
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